Um novo tipo de implante de silicone permite aumentar ou diminuir o volume da mama, ao gosto da paciente, após a cirurgia, e sem voltar à mesa de operação
"Doutor, bem que o senhor poderia ter aumentado mais um pouquinho..." Ou então, mais raramente: "Acho que ficou grande demais". Essas são as queixas de cerca de 10% das pacientes que se submetem ao
implante de silicone nos seios - Um contingente que só no ano passado somou, no Brasil, 107.000 mulheres, fazendo desta intervenção estética a mais procurada no país. Para aquelas que se decepcionam com o seu reflexo no espelho ao retirar as ataduras e sutiãs especiais, resta resignar-se a uma imagem que não corresponde ao esperado, ou agendar uma nova cirurgia, em geral, para acrescentar aqueles mililitros que o o médico já havia julgado excessivos, ou, em casos menos numerosos, como já foi dito, retirar um tanto deles. Volta à mesa de cirurgia, claro, não é simples. Além do risco inerente a qualquer operação, servem como desestímulo o custo adicional da correção e a lembrança da recuperação dolorosa. Eliminar todos esses três poréns de uma só vez é o objetivo de uma nova prótese ajustável que está chegando ao mercado: depois de colocdos, da mesma maneira que na cirurgia tradicional, os implantes de silicone podem ser aumentados ou diminuidos no próprio consultório do médico, sem a necessidade de internação, por meio de uma cânula pela qual se injeta ou extrai solução salina da prótese.
A paciente, assim, tem direito a um período de "test drive" (de, no máximo um ano) para decidir se é o caso de chegar mais perto da voluptuosidade de uma Pamela Anderson, digamos, ou da sinuosidade clássica de uma Carolina Ferraz.
Preferência à parte, o consenso entre os plásticos é que a principal vantagem da prótese batizda de
Spectra, que está sendo trazida ao país pela Johnson & Johnson, consiste na possibilidade de correção da assimetria mamária. "Cerca de 10% das mulheres têm assimetria acentuada das mamas", diz o médico Sebastião Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e a desproporção tende a ficar ainda mais evidente depois do
implante. "Com o ajuste do tamanho, é possível chegar à perfeita harmonia das mamas", afirma Guerra.
Desenvolvido pelo cirurgião americano Hilton Becker, especialista em reconstrução mamária, o
implante ajustável foi criado a partir das próteses expansoras utilizadas em mulheres que passaram por algum tipo de mastectomia. O expansor é implantado, nesses casos, para preparar a pele que restou para uma futura cirurgia reconstrutora. O médico injeta, aos poucos, pequenas quantidades de solução salina dentro de uma cápsula para esticar a pele gradualmente, até que ela atinja tamanho suficiente para acomodar o
implante definitivo. Os resultados não são plenamente satisfatórios. Por conter pouco ou nenhum gel de silicone, esse tipo de
implante está sujeito a ondulações e deformções e não oferece uma consistência natural. Assim que a FDA, a agência de saúde dos EUA, voltou atrás na decisão de proibir o uso do silicone no país, em 2006, Becker passou a testar a nova prótese, que combina solução salina e gel de silicone. O gel mantém a consistência do
implante tradicional, já que o silicone representa mais de 90% da estrutura da
Spectra. E a solução salina permite alterar em até 30% o volume original da prótese sem que ela se deforme, disse Becker a VEJA.´
É na mesa de cirurgia que o médico define quantidade de solução salina, injetada por uma cânula no interior de cada prótese, até obter a simetria das mamas e o volume desejado pela pciente. O período durante o qual médico e paciente poderão alterar o volume dos seios depende da forma de remoção da cânula. Na primeira opção, o médico corrige assimetrias e remove as cânulas ainda no centro cirúrgico, o que inviabiliza alterações após a operação. Na segunda versão, a paciente permanece com as pontas das cânulas para fora das mamas, como se fossem drenos, por até duas semanas. Assim, o médico pode injetar ou remover líquido de cada prótese no consultório nesse período. A terceira alternativa permite que as cânulas fiquem escondidas sob a pele para correções por um prazo maior, de até um ano. Uma válvula de silicone na extremidade de cada cânula permite a troca de líquidos com uma seringa. Nas duas últimas versões, as cânulas são retiradas com anestesia local, em consultório. O risco de vazamentos é quase nulo. "Em apenas 0,5% dos casos houve perda de líquido com a retirad da cânula", diz Becker.
A primeira opção de
implante ajustável, a que corrige assimetrias mas nõ permite ajustes depois da cirurgia, estará disponível para as brasileiras no início do ano que vem, em 17 tamanhos, de 190 a 760 mililitros. Em fase final de aprovação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o produto será apresentado pela Johnson & Johnson aos cirurgiões plásticos brasileiros no 47º Congresso Brasileiro de Cirurgia plástica, que acontecerá em Vitória, no Espírito Santo. As outras formas de ajustes pós-cirúrgicos, já aprovadas pela Emea, a agência européia de saúde, estão em processo de análise na ANVISA. Devem receber registro ainda em 2011, e livrar muitos pacientes do dilema de se conformar com um resultado insatisfatório ou enfrentar o risco de uma nova cirurgia.
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